TÁBUA DE ARGILA, COM MAIS DE 4.000 ANOS, CONTA A EPOPÉIA DE GILGAMESH

 


A Epopeia de Gilgamesh é uma das mais antigas e importantes obras literárias da humanidade, remontando ao período sumério, mas amplamente difundida na Babilônia e Assíria. Escrita em tábuas de argila utilizando a escrita cuneiforme por volta de 2100 a.C., a epopeia narra as aventuras do rei Gilgamesh de Uruk, uma figura semilendária que busca a imortalidade após enfrentar a dor da perda e o temor da morte.

A história começa com Gilgamesh, um rei poderoso e, inicialmente, tirânico, que governava a cidade de Uruk. Para conter sua arrogância, os deuses criam Enkidu, um ser selvagem que, após ser civilizado, se torna o grande amigo de Gilgamesh. Juntos, eles enfrentam várias aventuras, como a derrota do monstro Humbaba e do Touro Celestial. No entanto, quando Enkidu morre, Gilgamesh é profundamente abalado pela dor e pela realidade da mortalidade.
Desesperado, o herói inicia uma jornada em busca da imortalidade, consultando Utnapishtim, o único homem que havia recebido o dom da vida eterna após sobreviver a um dilúvio enviado pelos deuses. Ao final, Gilgamesh aprende que a imortalidade é inatingível para os mortais e que a verdadeira realização está em deixar um legado duradouro através de suas ações.
A Epopeia de Gilgamesh oferece uma visão profunda da mitologia suméria e da mentalidade da antiga Mesopotâmia. Ela aborda temas universais como a amizade, a mortalidade e a busca pelo sentido da vida. A narrativa contém muitos elementos mitológicos que revelam a visão de mundo dos sumérios e, posteriormente, dos babilônios, incluindo a crença na intervenção divina, a luta contra forças naturais e sobrenaturais e a reflexão sobre a vida após a morte.
Além disso, o mito do dilúvio, encontrado na epopeia, é de extrema relevância, uma vez que guarda semelhanças impressionantes com o relato bíblico de Noé, evidenciando a influência das tradições sumérias sobre outras culturas do Oriente Próximo.
A figura de Gilgamesh, um herói que busca entender seu lugar no universo e luta contra seu destino inevitável, reflete a luta humana contra a finitude e as limitações impostas pelos deuses. Esses temas são centrais à cultura suméria, na qual os humanos eram vistos como servos dos deuses, e o destino da humanidade era algo a ser aceito com resignação.
A Epopeia de Gilgamesh foi redescoberta no século XIX durante escavações no antigo sítio da biblioteca de Assurbanípal em Nínive, no atual Iraque. As tábuas cuneiformes que continham o poema foram identificadas por estudiosos como parte de uma antiga tradição literária mesopotâmica.
Um dos mais importantes artefatos relacionados à epopeia é a "Tábua XII", uma das várias tábuas que contêm partes da história de Gilgamesh, datada aproximadamente do século VII a.C. Essa tábua foi encontrada entre os destroços da biblioteca de Nínive e hoje está em exibição no Museu Nacional do Iraque em Bagdá. Além disso, o museu preserva outras tábuas fragmentadas da epopeia, que foram fundamentais para a reconstrução do texto.
A descoberta da Epopeia de Gilgamesh não apenas enriqueceu o estudo da literatura antiga, mas também ofereceu aos historiadores e arqueólogos uma visão inestimável da religião, mitologia e sociedade suméria, assim como sua influência sobre civilizações posteriores, como a babilônica e a assíria.
A Epopeia de Gilgamesh permanece como um testemunho duradouro da genialidade literária e espiritual da antiga Mesopotâmia. Mais do que uma simples história de aventuras, a epopeia explora questões existenciais que ainda ressoam nos dias de hoje, como o significado da vida e a inevitabilidade da morte. Graças às escavações arqueológicas e aos artefatos preservados, essa obra-prima sobreviveu aos milênios e continua a iluminar aspectos fundamentais da civilização suméria.

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