Genocídio do Congo sob Leopoldo II (1885–1908)



Entre 1885 e 1908, o rei Leopoldo II da Bélgica promoveu um dos maiores genocídios da história moderna no Estado Livre do Congo, um território que não pertencia oficialmente à Bélgica, mas era de sua posse pessoal. Estima-se que entre 8 e 10 milhões de congoleses tenham morrido nesse período, vítimas de violência, exploração, doenças e fome.

A entrada de Leopoldo no Congo
Leopoldo II não chegou ao Congo como um invasor militar, mas como um suposto filantropo. Ele criou a Associação Internacional Africana, apresentada ao mundo como uma instituição humanitária cujo objetivo seria acabar com o tráfico árabe de escravos e levar progresso ao continente. Para isso, Leopoldo arrecadou doações internacionais, apoiado por um discurso emocionante em que dizia estar conduzindo uma “cruzada digna do século do progresso”.
No entanto, em conversas privadas, Leopoldo deixou claro que sua intenção era puramente econômica. Em suas palavras a um embaixador: “Não quero perder uma boa chance de conseguir uma fatia deste magnífico bolo africano.” Assim, a instituição filantrópica era apenas fachada para um projeto brutal de exploração.
A exploração e a violência
O foco principal da economia colonial foi a extração de borracha, extremamente valorizada pela Revolução Industrial. Para aumentar seus lucros, Leopoldo impôs sistemas de trabalho forçado em todo o território. Aldeias eram obrigadas a cumprir cotas de borracha e marfim. Quem não atingia as metas era punido com violência inimaginável:
Mutilações (mãos cortadas de homens, mulheres e até crianças);
Execuções públicas;
Reféns: mulheres e crianças eram sequestradas e torturadas para forçar os homens ao trabalho;
Espancamentos com o chicote “chicotte”, feito de couro de hipopótamo;
Aldeias inteiras queimadas como castigo coletivo.
Além da violência direta, a exploração provocou fome, exaustão e epidemias de varíola, disenteria e pneumonia. Estima-se que metade da população congolesa tenha desaparecido nesse período. Há registros de que até mesmo casos de canibalismo por parte de supervisores coloniais ocorreram em meio à brutalidade e desumanização.
Consequências e denúncias
Apesar de tudo, nenhum responsável foi preso. O regime só começou a ruir após fortes denúncias internacionais feitas por missionários, jornalistas e ativistas, como E.D. Morel e Roger Casement, que divulgaram os horrores cometidos no Congo.
A pressão da opinião pública internacional obrigou Leopoldo II a renunciar ao controle pessoal do Congo em 1908. O território passou então a ser uma colônia oficial da Bélgica, sob o nome de Congo Belga. Ainda assim, formas de exploração continuaram, embora de maneira mais regulada.
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Conclusão
O genocídio do Congo sob Leopoldo II mostra como um projeto colonial mascarado de filantropia resultou em uma das maiores tragédias humanas do século XIX. Mais do que simples conquista territorial, foi uma campanha sistemática de escravização, violência e destruição cultural, movida pela ganância e pelo lucro da borracha.

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