A PESTE NEGRA
O século XIV foi marcado por uma sombra densa que se abateu sobre a humanidade: a **Peste Negra**. Uma morte silenciosa, invisível, que atravessava fronteiras sem ser detida, espalhando-se pelas cidades, pelos campos e pelos mares. Onde chegava, deixava atrás de si o som lúgubre dos sinos dobrando pelos mortos e o vazio das ruas desertas.
Em poucas semanas, aldeias inteiras sucumbiam. Famílias eram dizimadas sem distinção entre ricos e pobres, entre jovens e velhos. O ar parecia impregnado de medo, e a esperança esvaía-se como a vida dos que caíam. Estima-se que **um terço da população da Europa** tenha desaparecido em apenas alguns anos, engolido pelo avanço implacável da doença.
Os sinais da peste eram terríveis e inconfundíveis. No corpo dos infectados surgiam **bubões** — inchaços escuros e dolorosos nos gânglios linfáticos, especialmente nas axilas e na virilha. Febres altíssimas, delírios e calafrios tomavam conta das vítimas, que rapidamente enfraqueciam. Em muitos casos, a infecção avançava para o sangue, transformando-o em veneno: a pele enegrecia, as extremidades apodreciam ainda em vida, e a morte chegava em poucas horas. Outros eram atingidos pela forma pneumônica, onde a tosse carregada de sangue espalhava o contágio pelo ar, tornando a proximidade um risco mortal.
Não havia cura, não havia consolo. Os médicos, impotentes, protegiam-se com estranhas máscaras em forma de bico, enchidas de ervas aromáticas para tentar filtrar o miasma da morte. Mas nada detinha o avanço da peste. O medo gerava desespero: alguns se entregavam à devoção religiosa, acreditando tratar-se de um castigo divino, enquanto outros mergulhavam no caos, na violência e na perseguição às minorias, procurando culpados para um mal incompreensível.
A Peste Negra não foi apenas uma doença. Foi uma **catástrofe civilizatória** que transformou o mundo, deixando cicatrizes profundas na memória coletiva da humanidade. Uma lembrança eterna da fragilidade da vida diante da força implacável da morte.


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