Níquel atômico em visitante interestelar levanta suspeitas

 


O cometa 3I/ATLAS, terceiro objeto interestelar já observado no Sistema Solar, descoberto em 1º de julho, foi examinado recentemente pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, que detectou uma composição química extremamente incomum. Outra análise, feita com base em dados coletados por um observatório terrestre, reforça que este corpo celeste é mesmo diferente de tudo o que já se viu.


Quando os cometas se aproximam do Sol, seu núcleo gelado aquece e libera gases. Esse processo, chamado de desgaseificação, é responsável pela formação da cauda e do halo de poeira e gás, conhecidos como coma. No caso do 3I/ATLAS, o Webb detectou dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono, vapor d’água, gelo e até um gás raro chamado sulfeto de carbonila.

O que mais chamou a atenção foi uma proporção muito maior de CO2 em relação à água, algo extremamente raro em cometas. Essa discrepância pode revelar pistas importantes sobre a origem do objeto e as condições do ambiente em que ele foi formado.

Além disso, o Very Large Telescope (VLT), uma instalação do Observatório Europeu do Sul (ESO) no Chile, detectou a presença de níquel neutro (não ionizado) sem sinais de ferro, uma configuração inesperada e sem explicação clara. Normalmente, esses dois metais aparecem juntos em cometas. Isso sugere um processo químico jamais visto antes em corpos celestes.

Segundo os dados do VLT, o 3I/ATLAS libera cerca de 5 gramas de níquel e 20 gramas de cianeto por segundo. Esses índices tendem a crescer à medida que ele se aproxima do Sol, tornando-o ainda mais ativo.

Observações dão pistas valiosas sobre o objeto interestelar.

Tanto o estudo com base nas observações do JWST quanto os resultados fornecidos pelo VLT estão disponibilizados na plataforma de pré-impressão arXiv e ainda aguardam revisão por pares para validação. Mesmo assim, a comunidade científica já enxerga nessas descobertas pistas valiosas para entender como esse visitante interestelar se formou.

Membros das equipes afirmam que as características detectadas no 3I/ATLAS são fruto de sua longa jornada no espaço interestelar. Esse percurso teria moldado sua composição de forma única, diferente de tudo o que circula em órbita ao redor do Sol.

“Acabamos de abrir a porta para um mundo totalmente novo de química”, disse Thomas Puzia, astrônomo da Pontifícia Universidade Católica do Chile, coautor do artigo sobre a presença de níquel no objeto, à revista Smithsonian Magazine.

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